Para Rodolfo e Natasha
- Conta de novo!
- Qual?
- Aquela. Daquela noite. Não me lembro mais. Chovia ou fazia sol?
- O sol não aparece de noite. Só de dia.
- Aparece de dia sim. Quando é de noite aqui, o sol aparece lá do outro lado do mundo. O sol sempre existe. De dia ou de noite.
- Então era uma noite que fazia sol, só que o sol tava lá no Japão. Aqui, no lugar dele, tinha uma lua linda, cheia.
- Cheia de que?
- De nada.
- Como de nada? Você falou que era uma lua cheia.
- A gente fala que ela é cheia quando ela é toda redonda.
- Igual uma bola? -
- Isso. Igual a uma bola.
- E o que mais tinha no céu?
- Estrelas. Muitas estrelas.
- Quantas?
- Não contei.
- Dez?
- Muito mais!
- Quantas estrelas tem no céu?
- Dizem que a olho nu, a gente consegue contar umas seis mil.
- Olho também fica pelado?
- Claro que não.
- Você que disse. Olho nu. E nu é a mesma coisa que pelado, não é?
- A gente fala olho nu quando a gente olha uma coisa sem precisar usar uma outra coisa pra ver melhor.
- Como o que?
- Como um binóculo, por exemplo.
- Eu sei o que é binóculo. O pai do meu amigo tem um. Ele disse, o meu amigo, não o pai dele, que uma vez ficou olhando com o binóculo e via as coisas bem de pertinho.
- Então, quando a gente consegue olhar o céu bem de pertinho, dá pra contar umas 30 mil estrelas.
- Nossa. E isso é muito?
- Muito muito.
- 30 mil deve dar pra encher esse quarto.
- Muito mais.
- A casa inteira então. 30 mil deve ser bastante mesmo.
- Mas isso é o que a gente consegue contar com binóculo. Porque tem muito mais estrelas. Tantas que não dá nem pra saber quantas são.
- Vamos desenhar?
- O que você quer desenhar?
- O céu! O céu de noite. Cheio de estrelas.
- E a história?
- Qual história?
- A que você pediu pra eu contar de novo!
- Era uma vez uma noite quente com o céu cheio de estrelas. Vocês estavam em casa e de repente souberam que eu ia chegar e aí foram correndo pro hospital e então eu nasci.
- Se você sabe toda a história, porque pediu pra eu contar?
- Porque cada vez que eu peço, aprendo uma coisa nova. Hoje aprendi que bola e lua cheia são a mesma coisa e que olho nu é um olho sem binóculo.
E ENTÃO, ELE OU ELA, PEGOU UMA PAPEL, SUA CAIXA DE LÁPIS DE COR E SE PÔS A DESENHAR O CÉU.
p.s.: Que o céu esteja sempre cheio de estrelas pra vocês e que esta nova etapa da vida seja abençoada e iluminada.
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