terça-feira, 30 de junho de 2009

Tá uma noite linda lá fora. Quente. Acolhedora. Noite pra esperar amanhecer. Mas por mais que ela me convide, não tenho vontade de estar lá, com ela. Tô aqui tomando uma cerveja comigo, ouvindo música e pensando na remota possibilidade de você ligar e dizer oi, eu quero falar com você. E então eu desmarcaria o que quer que fosse, pois o que quer que fosse não teria mais a menor importância, o calor de nossas almas nos envolveria e um acolheria o outro em sua vida.
Mas a merda é saber que isso pode acontecer somente quando a gente já tiver se perdido, quando os números de celular que cada um tem em sua agenda já não forem mais os mesmos, quando por mais que a gente queira se encontrar, a vida não vai dar outra chance.
A certeza da dúvida é o que mais me angustia. E enquanto a angústia não passa, eu tomo uma cerveja comigo, ouço música e escrevo pra você ler um dia, se tudo ou nada acontecer, que tá uma noite linda lá fora. Quente. Acolhedora. Noite pra esperar você!
"Se me obrigassem a dizer porque o amava, sinto que a minha única resposta seria: ''Porque era ele, porque era eu.''
Montaigne

sábado, 20 de junho de 2009

Frames

Meu texto mais recente, com direção de Flávio Faustinoni, estreia dia 22 de agosto, no Instituto Capobianco - Teatro da Memória.
Frames reúne três textos curtos sobre as urgências e impossibilidades da vida: Fogos no Céu de Meia Dia, Lâmpadas e Ovos Quebram e Fogos no Céu de Meia Noite.
No elenco, Carmela Paglioli, Mari Nogueira, Rodolfo Arantes ( que também estão no elenco de Depois de Tudo), Daniela Mustafci, Márcio Branco e Flávio Faustinoni.
Aguardem!

terça-feira, 2 de junho de 2009

DOIS IRMÃOS

Com certeza, todo mundo conhece uma história que envolva dois ou mais irmãos brigando e se odiando pelos motivos mais aburdos possíveis, de um ciúme destruidor que nasce na infãncia e cresce assustadoramente ao longo dos anos à disputa por bens de família. Filmes, reportagens, peças e livros também costumam retratar o acerto de contas entre eles após o reencontro depois de uma separação desejada ou morte dos pais. Mas na existênca do amor pouco se fala. Natural em se tratando de um país onde a imprensa vive do lado trágico da vida e as pessoas preferem ouvir e falar do ruim no lugar do bom.
Pois bem, eu quero falar exatamente sobre a existência de um amor, intenso e incondional entre dois irmãos. Não vou entrar no mérito dos nomes, pois a história não é minha. Basta dizer que ele, meu amigo, é um jovem e talentoso ator de São Paulo e ela, que não conheço, trancou a faculdade de cinema para estudar na Austrália. Talvez por ter perdido a minha irmã, que se foi muito jovem para o andar de cima, eu me comova demasiadamente ao ver o quanto dói em meu amigo, a ausência causada pela distância. Ao falar dela, seus olhos brilham de amor e de saudade. Ao ouvir a sua voz ao telefone, a dele embarga de emoção. A sensação que se tem é que eles são únicos, indivisíveis.
Creio que ambos, mesmo unidos por aquele fio invísivel do amor, devem contar os dias, as horas, os minutos que faltam para o reencontro tão esperado.
Torço por eles. Torço para que o tempo passe mais rápido, que a vida intensifique este sentimento e que eles possam compartilhar muitas alegrias e ao mesmo tempo inspirar, em outras famílias, amores que se diluíram por ressentimentos, partilhas e desavenças. É o mínimo que posso dizer a estes dois irmãos que se amam tanto.