quarta-feira, 15 de julho de 2009

Frames

A montagem de Frames tem sido para mim uma experiência enriquecedora. Quando começamos os ensaios, mesmo já existindo um texto pronto, sabíamos que ele não estava fechado. A proposta era exatamente a de estar aberto a mudanças, a novas idéias vindas de todos os envolvidos no processo. Confesso que no início não foi fácil para mim.
O desapego não é fácil.
Mas hoje, depois de acalorados debates e trocas de idéias, percebo o quanto é bom trabalhar com pessoas disponíveis, motivadas, interessadas, inteligentes e sensíveis.
O texto está mais rico, a encenação está diferente de tudo o que eu e o Flávio Faustinoni, meu diretor e parceiro de outros trabalhos, fizemos até hoje. E cada vez mais percebo que estar ao lado, produzir, acompanhar cada etapa do processo, é fundamental para mim. Afinal, o ato de escrever é muito solitário e eu preciso, definitivamente, das pessoas.
É maravilhoso ver a peça se construir aos poucos diante de nossas certezas e indecisões, de nossos olhares ternos e aflitos, da emoção que aflora em todos quando uma imagem se constroi. E hoje, especialmente, a emoção tomou conta de mim. Tenho um carinho muito especial por Fogos no Céu de Meia Noite, um dos três textos que compõem o espetáculo. Ao ouvir um trecho da música composta pelo Flávio para este texto e saber como essa história será contada, chorei. Um choro pra dentro, sem lágrimas, sem que ninguém percebesse. Um choro de quem sabe que está rodeado por anjos, no palco e na vida!

Um comentário:

Mário Viana disse...

Uma vez uma repórter me perguntou por que eu escrevo teatro. Eu respondi: pra não ficar sozinho.

Teatro é uma maneira delicioso de estar em contato e trabalhar junto com gente de todo o tipo - dos ensaios aos aplausos, nós percebemos que, sozinhos, somos apenas um monte de diálogos dispersos numas folhas A4.

bjs