- Me bate, gritava Steves.
- Não bato em padres. É pecado, respondia Diego.
- Não. É a salvação. Padre que não apanha se bate. Dá no mesmo.
- Mas é pecado.
- Eu te absolvo, bate, porra.
E Diego batia. E Steves delirava. E quando acabou de delirar, esparramou-se na cama, suando e se sentindo a criatura mais abençoada de todos os tempos.
- Eu vou no banheiro!
- Vai, Dieguinho. Vai e volta. Quero tudo de novo.
- Tudo de novo eu cobro de novo.
- Mais 450,00.
- Deixa mais 30 e tá beleza.
Quando entrou no banheiro, Diego abriu a torneira do chuveiro e deixou a água cair. Mas el~e não entrou no box em seguida. Primeiro, verificou se a cãmera colocada estrategicamente filmou toda a loucura que acontecera a pouco através de um buraquinho na parede. Depois, colocou uma outra fita já que em breve, começaria tudo novamente.
- Padreco idiota!, sussurrou o puto. Mal sabe ele o que o espera.
Nota: Se você concluiu que Diego irá chantagear o Detetive Steves enganou-se. O seu plano é muito maior. Ele tem guardado, muito bem guardado, todas as gravações de todas as trepadas que teve com os padres que o procuram diariamente. O que ele pretende com isso? Elaborar um dossiê com todas as gravações e enviar ao Vaticano e pedir uma puta grana pro papa pra não divulgar essas imagens na internet. Ele acredita que a Igreja fará de tudo para que a devassidão que a envolve não seja de conhecimento de todos. De certa forma, Diego não deixa de ser um pouco ingênuo.
Uma hora depois, o Detetive Clayton deixou a sala de Rafael Neto. Ambos concordaram que duas mortes em curto espaço de tempo era mesmo uma coincidência. Ambos concordaram que a foto que o detetive recebeu tinha alguma coisa a ver com tudo isso. Ambos concordaram que o caso merecia uma investigação e que a mesma deveria ocorrer em segredo. Seria uma maneira de proteger as dançarinas e a emissora. Clayton só não concordou em oferecer proteção especial para cada uma das moças, pois a polícia não tinha dinheiro e nem homens suficientes para isso.
- Caso você realmente deseje essa proteção, terá que pagar por ela.
Rafael pensou por dois segundos e desistiu. Uma porque não queria gastar dinheiro. Outra porque qualquer moça morta poderia ser substituída rapidamente. E não se falou mais nisso.
Antes de ir embora, o Detitive fez mais um pedido a Rafael. Um pedido muito especial. E extremamente importante para a solução do caso. Mas este pedido também foi considerado um segredo entre eles, a ser guardado a sete chaves.
***
Ainda bastante aborrecida, Sheila saiu da emissora. Como sua apresentação para a imprensa fora adiada, ela resolveu seguir os conselhos de suas colegas de auditório e telefonou para a Paulette Blue. ( Se você não lembra quem é ela, procure reler os capítulos anteriores.)
- Oi Paulette. Aqui é a Sheila.
- Que Sheila?
- Dançarina do Domingo de Tarde.
- Codinome.
- Hã?
- Qual o seu codinome?
- O que é isso?
- Você é a mulher o que? Batata, Cenoura, Mandioca?
- Ainda não sei. Não escolhi. Na verdade, a TV resolveu fazer um concurso entre os espectadores pra escolher o nome. O vencedor ganha um jantar comigo.
- Sei.
- E então? Quero aumentar um pouco os peitos. Quando podemos marcar?
- Tá livre agora?
- Tô.
- Então pode vir! Já tem o endereço, não tem?
- Tenho. Minhas amigas já me deram.
- Ótimo. Estou esperando.
Paulette desligou o telefone. Quem a visse neste momento, teria absoluta certeza de que em seu rosto havia um sorriso sinistro e maldoso.
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