segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Capítulo VI


- Marca um almoço com ela.

- Com quem?, perguntou Pimenta, que após a sétima dose de whisky já não se lembrava exatamente quem ele era, onde estava e com quem estava.

- Com a Sheila.

- Que Sheila ? Eu conheço ela? Eu te conheço?

- A da notinha. A dançarina. Do Domingo da Tarde.

Por mais que Clayton se esforçasse, Pimenta continuava com um olhar distante, como se não entendesse absolutamente nada do que ouvia. Foi então que Clayton decidiu se expressar da única maneira que o jornalista seria capaz de entender naquele momento.

- A puta que eu comi, caralho.

- Você comeu essa gostosa? Me conta isso, reagiu Pimenta imediatamente. E foi então que o Detetive relatou tudo o que acontecera na tarde de domingo.
* * *

Ainda inconformado com a clonagem do seu cartão, o Detetive Steves aproveitou o silêncio e a ausência de seus colegas para acessar o site de Almeidinha e viu que dentro de cinco minutos começaria o show de um belo rapaz, Diego Braga. Encantado pelos cabelos pretos, corpo moreno e olhos esverdeados do garoto, Steves não exitou. Tirou de sua carteira um outro cartão que possuía, digitou os dados no site e aguardou.

Diego Braga nasceu há 20 anos em Salvador. Filho de pais conservadores e católicos que temiam ver o menino frequentando os terreiros da cidade, cedo foi levado, por única e exclusiva vontade dos pais, para um seminário. Lá estudou e aprendeu o que um padre tarado é capaz de fazer com o pinto de um lindo mancebo. E aprendeu também o quanto se pode tirar de um padre quando se é lindo e se tem um pinto. Foi com este aprendizado que ele juntou uma bela de uma grana e, aos 18 anos, saiu do seminário em direção ao aeroporto. Isso depois de conseguir se livrar do padre, que agarrado a ele, chorava desesperadamente e ameaçava se matar se ele fosse embora. O padre só se acalmou quando Diego deu a ele o último presente: o molde em gesso do seu pau ereto que ele mesmo fizera na noite anterior.
Em São Paulo, alugou um apartamento em um flat nos Jardins, o La Genoveva, onde mora até hoje. Acostumado a ganhar dinheiro gozando com o padre, continou ganhando dinheiro transando com padres. O primeiro deles foi de uma igrejinha em um bairro que mais parece uma cidade do interior, mas que não convém dizer qual é para não comprometer o santo. ( É. A igreja tem um nome de um santo, e não de uma santa. Fica aí a pista que pode ser muito importante na resolução deste caso)
Diego chegou lá, no horário da última missa de domingo, e, logo depois que o padre disse tchau para os fiéis, ele continuou sentadinho, cara de triste, uma ou outra lágrima escorrendo pela face de vez em quando, imagem que comoveu o sacerdote. Daí em diante foi só sucesso. Esse padre indicou pra um, que indicou pra outro e como tudo a vida é boca a boca – literalmente falando, neste caso – Diego continuou sua boa vida. Comprou carro, roupas de grife, perfumes importados e muito mais. Mas, ambicioso como é, não exitou também em ganhar um dinheiro extra no site do Almeidinha, que lhe foi indicado pela sua namorada, a Dinalva, mais conhecida na noite por Sheila.

Enquanto Steves se masturbava na delegacia vendo o streap tease de Diego, Pimenta e o Detetive Clayton acertaram que o primeiro marcaria um almoço com Sheila e o segundo chegaria, coincidentemente, no restaurante. Nesta hora, Pimenta simularia um mal súbito, iria embora e deixaria os dois pombinhos sozinhos.

E enquanto Pimenta e o Detetive Clayton acertaram que o primeiro marcaria um almoço com Sheila e o segundo chegaria, coincidentemente, no restaurante e Pimenta simularia um mal súbito, iria embora e deixaria os dois pombinhos sozinhos, Mariazinha Tico Tico tomava um delicioso suco de acelga em sua casa. Não se passaram dois minutos e ela caiu morta no chão.

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